quinta-feira, janeiro 22, 2009

OSCAR 2009 - PRIMEIRAS IMPRESSÕES


Os indicados ao 81ª Oscar foram divulgados hoje pela manhã nas instalações do Teatro Samuel Goldwyn, em Beverly Hills (EUA). Bastou alguns minutos para que o ator Forrest Whitaker – Oscar por O Último Rei da Escócia em 2006 - ao lado de Sid Ganis, presidente da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, revelasse ao mundo os principais indicados ao prêmio mais badalado do cinema. Entre erros e acertos, o conservadorismo da Academia tratou de assassinar o “morcegão” na corrida pela sonhada estatueta dourada e a tradição de prestigiar os filmes dramáticos em detrimento de outros gêneros, como as comédias e os filmes de ação, prevaleceu.
De presença quase certa, corroborada nos últimos meses pelo reconhecimento obtido nas principais associações de classe como o DGA (Directors Guild of America) e o PGA (Producers Guild of America) composto por acadêmicos de respaldo, o tão aclamado filme de Christopher Nolan “The Dark Nigth” foi alijado das principais categorias do Oscar e converteu-se na ausência mais sentida. Felizmente, a interpretação sobrenatural de Heath Ledger foi reconhecida e é, desde já, a maior barbada dentre todas as outras categorias. Caso não vença no próximo dia 22 de fevereiro, será a maior zebra de todos os tempos. De resto, “The Dark Night” conseguiu a expressiva marca de 08 indicações em categorias técnicas, onde é franco favorito.
O vitorioso em número de indicações foi “O Curioso Caso de Benjamin Button” concorrendo em 13 categorias, seguido de perto por “Slumdog Millonaire” com 10. Essa enxurada de láureas para a fábula confeccionada pelo esteta Fincher já era esperada, assim como a lembrança de Brad Pitt como ator. Aliás, o casal mais querido de Hollywood será presença certa na festa, já que a Sra. Pitt Angelina Jolie também abocanhou a sua indicação graças ao seu desempenho de mãe atormentada pelo seqüestro do filho no insosso “A Troca”, dirigido por Clint Eastwood. Este sim, outro esquecido, pois era presença certa na lista de muitos experts pelo seu desempenho como ator no ótimo “Grand Torino”.
Fora a decepção causada pelo não reconhecimento do trabalho magistral de Christopher Nolan à frente de “The Dark Night” e a opção pela direção “convencional” de Stephen Daldry por “O Leitor”, os acadêmicos até que se esforçaram para tornar a premiação mais coerente com a realidade do mercado cinematográfico e deram o merecido espaço aos representantes do cinema independente. Assim tivemos a grata surpresa de ver os nomes “alternativos” de Richard Jenkins (“O Visitante”) e Melissa Leo (“Rio Congelado”) entre as cinco melhores interpretações do ano, cada um na sua respectiva categoria. O filme de Melissa, dirigido pela estreante Courtney Hunt, também foi lembrado na categoria de Roteiro Original, batendo favoritos como o veterano Woody Allen e o seu superestimado “Vicky Cristina Barcelona”.
Apesar de Kate Winslet ter sido indicada como melhor atriz, a sua nomeação ocorreu pelo filme errado. Tudo começou com uma briga interna protagonizada pelo chefe de estúdio Harvey Weinstein e o co-produtor Scott Rudin. Weinstein forçou o lançamento de “O Leitor” para 2008 sob os protestos de Rudin, que queria lançá-lo em 2009 e, com isso, beneficiar “Foi Apenas Um Sonho” na corrida pró-Oscar. Afinal, tinha em mãos o casal protagonista de Titanic, filme recordista de Oscars ao lado de Bem Hur (11 prêmios!), juntos novamente e sob o comando de Sam Mendes, diretor também premiado por “Beleza Americana” e marido de Winslet. Mas o tiro saiu pela culatra e o segundo filme foi o mais prejudicado, garantindo apenas indicações em categoria menores (ator coadjuvante, direção de arte e figurino). Enquanto que “O Leitor” entra na disputa como a produção mais prestigiada pelos acadêmicos, garantindo vaga nas principais categorias (filme, diretor, atriz, roteiro adaptado).
A mal sucedida campanha de “Foi Apenas um Sonho” também promoveu outra injustiça ao não conseguir a indicação para Leonardo Di Caprio, num dos melhores desempenhos de sua carreira. Outra preterida no quesito interpretação foi a inglesa Sally Hawkins por “Simplesmente Feliz”. Queridinha da crítica, ela foi uma das atrizes mais premiadas do ano: ganhou em Berlin, recebeu o Globo de Ouro de Melhor atriz em comédia e quase 11 (!) prêmios da crítica.
Outras surpresas foram a esnobada dada em Bruce Springsteen, cotado como favorito pela música-tema de “O Lutador” e preterido pelas (ótimas) canções de “Slumdog Millionaire”; o recorde da maravilhosa Meryl Streep, que ao ser indicada por “Dúvida” obteve a sua 15ª nomeação, batendo as marcas de Katherine Hepburn e Jack Nicholson (ambos com 12 nomeações); e a agradável inclusão do roteiro original de “Na Mira Do Chefe”, produção pequena que vem surpreendendo e deu a Colin Ferrell o Globo de Ouro de ator.
Como todos encontrarão a lista completa dos indicados na internet, em jornais e demais publicações do gênero vou inovar e listar as grandes omissões. Ou seja, aqueles que quase chegaram lá, mas perderam nos 45 minutos do segundo tempo. É a prova de que em se tratando de Oscar, o CORINGA “às vezes” dita as regras....

AS MAIORES OMISSÕES
MELHOR FILME
- Batman– O Cavaleiro das Trevas
- Wall-E
- Gran Torino

MELHOR DIRETOR
Christopher Nolan, "The Dark Knight"

MELHOR ATOR
Clint Eastwood ("Gran Torino")
Leonardo DiCaprio ("Foi Apenas Um Sonho")
MELHOR ATRIZ
Sally Hawkins ("Happy-Go-Lucky")
Kristin Scott Thomas ("I've Loved You So Long")
MELHOR ATOR COADJUVANTE
Dev Patel ("Slumdog Millionaire")
Eddie Marsan ("Happy-Go-Lucky")

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Rosemarie DeWitt ("Rachel Getting Married")
Debra Winger ("Rachel Getting Married")
Kathy Bates ("Revolutionary Road")