quinta-feira, outubro 22, 2009

NOLLYWOOD


Inadvertidamente você já deve ter caído na pegadinha predileta de dez entre dez cinéfilos:
- Qual a indústria cinematográfica que mais produz filmes no mundo ?
A resposta vem quase que automaticamente e é sempre mesma:
– Hollywood!
Apesar de ainda deter o melhor resultado em termos financeiros, graças ao consumo interno e a exportação de seus filmes mundo afora, Hollywood há muito tempo ocupa a vice-liderança em termos quantitativos.
A Índia com os seus mais de 1 bilhão de habitantes tem ocupado o topo desse ranking produzindo um média anual de surpreendentes 1.091 títulos contra 485 produzidos m Hollywood. Apesar do portentoso volume, trata-se de uma produção voltada exclusivamente para o mercado interno onde as cores exageradas e as danças são itens obrigatórios, independente do tema do filme; e a troca de carícias, olhares e rápidos beijos são o máximo de ousadia diante do puritanismo e respeito às tradições locais.
A auto-suficiência gerada pelo volumoso público interno cobre os custos e não desperta a necessidade de formação de uma demanda externa. Diante de tanta relevância numérica, a indústria cinematográfica indiana foi apelidada de Bollywood - fusão de Bombaim (antigo nome de Mumbai, cidade onde se concentra esta indústria), e de Hollywood - e as suas peculiaridades têm inspirado obras de relevância internacional como o inglês “Quem quer ser um milionário?”, ganhador do Oscar de melhor filme.
A superioridade numérica da Índia sobre o poderio cinematográfico norte-americano é notória e tem sido difundido pelos quatro cantos nos últimos anos graças ao alcance da internet, mas o que muita gente não sabe é que o mercado emergente do momento vem do pobre continente africano e responde pela marca de mais de 800 produções anuais.
Infelizmente, estes dados não são validados pelos órgãos de pesquisa oficiais pelo simples fato dessas produções serem lançadas em DVDS e comercializadas, em sua maioria, para o uso doméstico. Estamos falando da Nigéria, país de condições econômicas adversas onde a renda per capita da população não ultrapassa os US$ 400 anuais e onde o número máximo de salas de cinema se resumem à cinco, todas localizadas na capital.
O surgimento dos equipamentos de vídeo portáteis e de baixo custo, fizeram com que em menos de 15 anos a produção local saísse do zero para um faturamento anual de US$ 250 milhões. Esse montante pode ser até maior, pois estima-se que mais de 300 diretores estejam em atividade realizando filmes completos em no máximo dez dias a um custo total de US$ 15 mil. Rodados em formato digital, são lançados em vídeo-locadoras para venda e aluguel e já fazem sucesso em outros países africanos graças à temática extremamente regionalista, onde assuntos como AIDS, corrupção, religião e ocultismo são recorrentes.
Talvez o maior empecilho para um alcance mais internacional da vasta produção made in Nollywood seja a sua maior vantagem que é o baixo custo. Só para uma rápida comparação, a atriz Genevieve Nnaji é considerada a “Júlia Roberts” local. Enquanto a Júlia verdadeira recebe a extraordinária quantia de 15 milhões de dólares por filme, Genevieve Nnaji ganha "nódicos" US$ 6.000. Mesmo assim, é considerada a atriz mais bem paga do continente. Pelo menos em termos de beleza, ela não deixa nada a desejar as concorrentes americanas como vemos na foto acima.