sábado, agosto 25, 2007

SANGUE SIM, SEXO NÃO

O novo filme de Ang Lee recebeu a censura máxima do MPAA (Motion Picture Association of America), excluíndo a classificação X destinada aos filmes pornôs. Foi classificada com um famigerado NC-17, que proíbe a presença de menores de dezessete nas salas de cinema, a não ser que devidamente acompanhados de pais ou responsáveis. Como nenhum adolescente se submete a um mico desses e considerando que a população americana é puritana até a medula, o resultado é um fracasso de público se considerarmos as altas expectativas de bilhetertias dos grandes estúdios. Graças a Deus o longa é produzido pela independente Focus Features que não manifestou o menor interesse de violar a integridade artítstica da obra efetuando possíveis cortes em prol do faturamento. Segundo fontes informais, o motivo de tanta celeuma é o de sempre: sexo. Ou seja, os americanos continuam os mesmos, assexuados e promovendo guerras mundo afora!

terça-feira, agosto 21, 2007

COMIDA E ESPERMA

FEED
Idem. Austrália, 2005. De: Brett Lenard. Com: Alex O’Loughlin, Patrick Thompson, Gabby Millgate, Jack Thompson, Rose Ashton. A/P. Comentário:
Thriller australiano sobre psicopata que seduz mulheres obesas para alimentá-las até a morte, filmando-as diariamente e colocando as cenas num site da internet. Identificado por um policial especializado em casos grotescos e também atormentado por traumas do passado (flagrou a mãe adúltera), o bandido foge e dá início a uma perseguição de gato e rato onde o computador passa a ser a principal ferramenta de investigação.
Baseado em fatos contemporâneos e cada vez mais corriqueiros, nos quais a Internet tem sido usada inadvertidamente para exorcizar todos os tipos de taras e fetiches de pessoas desequilibradas, protegidas pelo anonimato garantido pela tela fria do computador, “Feed” mergulha o espectador num mosaico de imagens mórbidas e fortes que podem chocar os mais sensíveis. Quando o filme tem início a vítima da vez é Deidre, que comemora a marca recorde de mais de 600 libras de peso prostrada na cama de onde não consegue mais sair, tendo como companhia o amante psicopata que gasta o tempo filmando a degradação física da mulher e promovendo orgias dignas do clássico setentista “A Comilança” do italiano Marco Ferreri, regadas a comida e esperma.
A idéia original é da dupla de atores centrais, ambos egressos da tv australiana. Alex O’Loughlin faz sem exageros o complexo psicopata atormentado pelas visões da mãe obesa e chegou a ser cotado para o papel de James Bond, perdendo a vaga para o britânico Daniel Craig. Patrick Thompson também está muito bem como o policial depressivo às voltas com a amante ninfomaníaca. Ele é filho do veterano ator Jack Thompson, presente no longa como o chefe de polícia. O filme perde um pouco o ritmo da metade para o final, mas recupera-se com uma conclusão recheado de sarcasmo. Foi realizado em vídeo de alta definição e merece ser descoberto. Inédito no Brasil.

terça-feira, agosto 07, 2007

UMA BELEZA EFÊMERA

VIRGINIA
Idem. EUA, 1983. De: John Seeman. Com: Shauna Grant, Paul Thomas, Janey Robbins, Peter Bent, Jamie Gillis, Lili Marlene, Hershel Savage. A/DR. 85 min
Comentário: Filme da época de ouro da indústria pornô norte-americana, onde as obras eram rodadas em película e existia uma preocupação clara por histórias enxutas (com começo, meio e fim bem definidos) e originais, que servissem não só de suporte às cenas eróticas, mas também funcionassem como um atrativo a mais dentro do conjunto oferecido. Neste “Virginia” temos um bom exemplo do requinte atingido pelas produções do período e de como um produto subjugado por boa parte da crítica e do público conseguiu se aproximar em termos de conteúdo a muitos filmes ditos “sérios” e classificados como sendo de “arte”.
O tema tratado aqui é o incesto e o diretor carrega nas tintas dramáticas para contar a história da jovem Vírginia que sente um forte desejo não declarado pelo pai, fotógrafo bem sucedido e cheio de amantes. Logo na primeira cena, vemos a garota espiando por uma porta entreaberta o pai transando com a namorada. Durante todo o longa ela tem visões eróticas com o genitor e ao final descobre que ele também tem um fetiche obscuro: fotografar casais desconhecidos em pleno ato sexual. Pai e filha expõem as suas fraquezas e consomem o seu desejo carnal numa cena de sexo lindamente concebida, com direito a travellings de câmera caprichados e enquadramentos elegantes. Aliás, elegância é o que não falta aqui graças ao belo elenco, a competente parte técnica e a boa música incidental. Apesar do tema espinhoso, é uma fita recomendada para as mulheres devido ao bom gosto geral.
No papel do pai temos o veterano Paul Thomas, que nasceu no berço de uma família de industriais e enveredou desde muito jovem pelo mundo das artes cênicas, tendo trabalhado na Broadway em musicais de sucesso como "Jesus Cristo Superstar", do qual também participou da versão cinematográfica dirigida por Norman Jewison em 73. A sua estréia no cinema pornô ocorreu em 1975 e perdura até hoje, consolidando nos anos 90 uma bem sucedida carreira como diretor de filmes hardcore. Pelo filme “Virginia” ganhou o seu único prêmio como ator no Adult Film Association of America, espécie de Oscar do cinema pornô.
O papel título é feito pela linda Shauna Grant, loira da época pré-silicone onde a beleza era um pressuposto genético. Típica garota americana, ela teve dificuldades para se firmar no meio devido ao seu vício em cocaína e a sua falta de entusiasmo durante as cenas de sexo. Em 1983, com menos de um ano de carreira e a marca de 30 filmes no currículo, deixou a indústria de filmes pornô. Mesmo loge do universo erótico, seu vício teve um efeito devastador em sua vida. Seu namorado, um traficante de cocaína chamado Jake Erlich, deu-lhe um trabalho em uma loja de materiais em couro que possuía. Quando foi preso com cargas de drogas, Shauna retornou aos filmes adultos. Em março de 1984, aos 20 anos, Shauna cometeu suicídioo com um rifle calibre 22. Sua morte deixou a indústria em choque. Muitos que a conheciam, incluindo seus pais, insistiram que ela foi assassinada. Alguns, entretanto, afirmaram que ela já havia tentando suicídio antes mesmo de deixar Farmington, com o intuíto de afirmar que ela já era uma garota com problemas. A carreira e morte de Shauna foram adaptados para um filme feito para a TV, chamado Shattered Innocence, um filme que lembra pouco o que realmente aconteceu.