quinta-feira, janeiro 16, 2014

GLOBOS DE OURO 2014: VENCEDORES, PERDEDORES E MUITA BEBIDA

A descontração foi a marca mais evidente da noite de gala dos Globos de Ouro. Enquanto no Oscar a formalidade dita a regra e todos assistem ao evento de forma solene, rigorosamente distribuídos em ordem de importância nas elegante poltronas do Kodak Theater, os convidados dos Globos são distribuídos em grandes mesas no salão de festas do Beverly Hilton com direito a comida de primeira e bebida a rodo. Tal liberdade promove uma descontração acima do normal nos premiados quando sobem ao palco e geram um deleite a mais para quem assiste.
A apresentação deste ano ficou a cargo das comediantes Tina Fey e Ami Poehler, responsáveis pela melhor piada da noite. Ao falar sobre o filme Gravidade, elas alegaram que no longa George Clooney preferiu se jogar no espaço sideral em direção a morte para não ter que conviver com uma mulher da sua idade! As gargalhadas soaram em uníssono. No quesito “traje de gala”, o vestido branco da atriz Paula Patton, que apresentou um dos prêmios, parecia uma tulipa
gigante e virou instantaneamente piada nas redes sociais.
Os primeiros prêmios foram relativos às produções televisivas. Começaram com a categoria de coadjuvantes coroando a carreira de dois veteranos. Jacqueline Bisset, ícone da beleza nos anos setenta, pela minissérie Dancing on the Edge da BBC e Jon Voight, ator de renome nos anos 60-70 e hoje relegado à alcunha de pai de Angelina Jolie, pela série Ray Donovan da HBO. Apesar de concorrentes mais fortes, a homenagem foi válida e promoveu discursos inusitados como o da estupefata Bisset que ao invés de exaltar os seus apoiadores, agradeceu aos seus detratores.
Breaking Bad como melhor série dramática e Bryan Cranston como ator eram barbadas. A belíssima Robin Wright, esbanjando saúde aos 47 anos e livre do “xarope” Sean Penn, foi reconhecida como melhor atriz por House of Cards. Elizabeth Moss foi a grata surpresa da noite ao ser laureada como melhor atriz de minissérie pela interessante Top of the Lake da neozelandesa Jane Campion. A surpresa amarga ocorreu quando Andy Samberg subiu ao palco para receber o prêmio de melhor ator de comédia, deixando no vácuo concorrentes do porte de Don Cheadle em House of Lies e Michael J Fox no show que leva o seu nome, onde tira sarro da sua própria condição clínica causada pelo Parkinson. A série de Samberg, Brooklyn Nine-Nine também foi eleita a melhor comédia do ano. Talvez o momento mais questionável de toda a competição.
No quesito cinema, a coerência deu à tônica. Trapaça saiu com três prêmios: melhor filme de comédia, atriz de comédia (Amy Adams) e atriz coadjuvante (Jennifer Lawrence num trabalho inspirado). Gravidade venceu pela direção brilhante de Alfonso Cuaron. O exuberante desempenho de Leonardo Di Caprio como O Lobo de Wall street foi laureado como melhor ator de comédia do ano. Cate Blanchet em Blue Jasmine era barbada no quesito atriz dramática. O intenso 12 anos de escravidão foi o melhor filme dramática, mas o seu ator Chiwetel Ejiofor foi preterido como ator dramático. Na sua categoria o vencedor foi Matthew McConaughey que perdeu mais de 20 quilos para viver um portador de HIV pelo drama Clube de Compras Dallas. Seu colega de elenco Jared Leto venceu como ator coadjuvante vivendo um transexual de forma intensa. Como roteiro, independente de ser original ou adaptado já que os Globos não fazem esta distinção, foi para o elogiado Her de Spike Jonze. A Grande Beleza, para mim o melhor filme do ano, foi a melhor produção estrangeira.
A homenagem da noite foi dada a Woody Allen. Famoso por fugir de premiações como o diabo da cruz, ele foi representado por Diane Keaton. Vestida de homem, ou seja, num elegante terno ela terminou o seu discurso cantando enquanto a câmera focava nas várias musas do diretor dispostas no salão como Mariel Hemingway e Diane Wiest. Enquanto coisas boas eram ditas sobre o diretor no palco, nas redes sociais a ex-mulher Mia Farrow e o filho faziam severas críticas ao diretor que foi parar nas mídias sensacionalistas do mundo inteiro ao trocá-la pela filha adotiva.

Polêmicas a parte, a cerimônia seguiu sem sobressaltos e durou as exatas três horas previstas. Chama-la de prévia do Oscar é uma redundância amplamente replicada pelos meios de comunicação locais e internacionais. Os indicados do Globo coincidem com os do Oscar pelo simples fato de que ambos listam os melhores filmes lançados no período de 01 ano. É lógico que as pesadas e milionárias campanhas de marketing dos grandes estúdios podem influenciar, mas o apelo artístico das obras terminam se sobressaindo.