terça-feira, agosto 07, 2007

UMA BELEZA EFÊMERA

VIRGINIA
Idem. EUA, 1983. De: John Seeman. Com: Shauna Grant, Paul Thomas, Janey Robbins, Peter Bent, Jamie Gillis, Lili Marlene, Hershel Savage. A/DR. 85 min
Comentário: Filme da época de ouro da indústria pornô norte-americana, onde as obras eram rodadas em película e existia uma preocupação clara por histórias enxutas (com começo, meio e fim bem definidos) e originais, que servissem não só de suporte às cenas eróticas, mas também funcionassem como um atrativo a mais dentro do conjunto oferecido. Neste “Virginia” temos um bom exemplo do requinte atingido pelas produções do período e de como um produto subjugado por boa parte da crítica e do público conseguiu se aproximar em termos de conteúdo a muitos filmes ditos “sérios” e classificados como sendo de “arte”.
O tema tratado aqui é o incesto e o diretor carrega nas tintas dramáticas para contar a história da jovem Vírginia que sente um forte desejo não declarado pelo pai, fotógrafo bem sucedido e cheio de amantes. Logo na primeira cena, vemos a garota espiando por uma porta entreaberta o pai transando com a namorada. Durante todo o longa ela tem visões eróticas com o genitor e ao final descobre que ele também tem um fetiche obscuro: fotografar casais desconhecidos em pleno ato sexual. Pai e filha expõem as suas fraquezas e consomem o seu desejo carnal numa cena de sexo lindamente concebida, com direito a travellings de câmera caprichados e enquadramentos elegantes. Aliás, elegância é o que não falta aqui graças ao belo elenco, a competente parte técnica e a boa música incidental. Apesar do tema espinhoso, é uma fita recomendada para as mulheres devido ao bom gosto geral.
No papel do pai temos o veterano Paul Thomas, que nasceu no berço de uma família de industriais e enveredou desde muito jovem pelo mundo das artes cênicas, tendo trabalhado na Broadway em musicais de sucesso como "Jesus Cristo Superstar", do qual também participou da versão cinematográfica dirigida por Norman Jewison em 73. A sua estréia no cinema pornô ocorreu em 1975 e perdura até hoje, consolidando nos anos 90 uma bem sucedida carreira como diretor de filmes hardcore. Pelo filme “Virginia” ganhou o seu único prêmio como ator no Adult Film Association of America, espécie de Oscar do cinema pornô.
O papel título é feito pela linda Shauna Grant, loira da época pré-silicone onde a beleza era um pressuposto genético. Típica garota americana, ela teve dificuldades para se firmar no meio devido ao seu vício em cocaína e a sua falta de entusiasmo durante as cenas de sexo. Em 1983, com menos de um ano de carreira e a marca de 30 filmes no currículo, deixou a indústria de filmes pornô. Mesmo loge do universo erótico, seu vício teve um efeito devastador em sua vida. Seu namorado, um traficante de cocaína chamado Jake Erlich, deu-lhe um trabalho em uma loja de materiais em couro que possuía. Quando foi preso com cargas de drogas, Shauna retornou aos filmes adultos. Em março de 1984, aos 20 anos, Shauna cometeu suicídioo com um rifle calibre 22. Sua morte deixou a indústria em choque. Muitos que a conheciam, incluindo seus pais, insistiram que ela foi assassinada. Alguns, entretanto, afirmaram que ela já havia tentando suicídio antes mesmo de deixar Farmington, com o intuíto de afirmar que ela já era uma garota com problemas. A carreira e morte de Shauna foram adaptados para um filme feito para a TV, chamado Shattered Innocence, um filme que lembra pouco o que realmente aconteceu.

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