A
uma semana da entrega do Oscar, vou me abster do direito de comentar sobre toda
a pompa e circunstância que envolve as cerimônias de premiação da indústria
cinematográfica onde o desfile de beldades sob o tapete vermelho tornou-se mais
importante do que o evento em si, para ir direto ao ponto fulcral: QUEM É QUEM
NA GRANDE NOITE DO CINEMA.
Previsões
são muitos e surgem a cada segundo na internet como coelho no cio, mas o melhor
conselho para fazer uma análise segura do que veremos no próximo domingo, 02 de
março, é verificar os resultados dos eventos prévios que são considerados
termômetros.
O
último deles foi o BAFTA que ocorreu no domingo, 16 de fevereiro, em Londres.
Ele abarca os profissionais britânicos ligados à indústria do cinema e premia
qualquer obra que tenha coprodução com o Reino Unido, daí uma confluência com
os indicados ao Oscar. O que tivemos foi um resultado que consolida todas as previsões
vigentes: 12 Anos de Escravidão como melhor filme; Alfonso Cuarón pela
direção de Gravidade; Blanchett como atriz em Blue Jasmine. As divergências
surgiram nas categorias onde tivemos concorrentes locais, daí a opção por
Chiwetel Ejiofor em detrimento de Matthew McConaughey por Clube de Compras Dallas, que não
pode ser indicado pelo fato do filme ainda não ter estreado em solo britânico.
Apesar
das coincidências, as fontes mais confiáveis ainda residem nos prêmios
concedidos pelos sindicatos de classe, ou Guildas como eles chamam por lá. Eles
englobam o maior número de profissionais da indústria do cinema com direito a
voto na Academia de Artes e Ciências Cinematográficas e são os responsáveis diretos
pelos cinco finalistas de cada categoria no Oscar. Esta influência é
pulverizada na reta final, onde todos passam a votar em todos, sem distinção de
classe.
O
SAG, Sindicato dos Atores, foi o primeiro a divulgar a sua lista numa pomposa
cerimônia realizada no dia 18 de janeiro, com direito a jantar de gala e as
indefectíveis duplas de atores contando piadinhas sem graça. Todos ofuscados por
uma veterana de 82 anos que, em plena e invejável forma física, subiu ao palco
para receber um prêmio honorário pela carreira. Falo da porto-riquenha,
naturalizada americana, Rita Moreno que demonstrou ao vivo o real sentido da
palavra enterteiner ao conquistar a
plateia com simpatia, piadas pontuais e uma voz aveludada usada para entoar uma
bela canção de agradecimento. Vale destacar que é a única atriz a ter
conquistado todos os maiores prêmios da indústria de entretenimento: Tony
(teatro), Grammy (música), Emmy (TV) e Oscar.
Quanto
ao resultado da premiação, ela confirmou as barbadas do ano: Cate Blanchett na
categoria de atriz e Jared Leto como ator coadjuvante por Clube de Compras Dallas.
Colocou Matthew McConaughey como favorito na categoria de melhor ator e deixou
Lupita Nyong’o (12 Anos de Escravidão) no mesmo patamar de Jennifer Lawrence na
categoria de atriz coadjuvante. Como o foco é a interpretação, o SAG também contempla
o melhor elenco do ano. A láurea foi concedida aos atores de Trapaça,
que passou a ser visto como uma terceira opção na categoria de melhor filme,
vindo logo abaixo do favoritismo criado em torno de 12 Anos de Escravidão e Gravidade.
Esta
polarização entre os dois filmes surgiu na entrega do Producers Gilds (Sindicato
dos Produtores) que pela primeira vez, desde a sua fundação, laureou as duas
produções como melhores do ano num inédito empate. O Sindicato dos Diretores
confirmou a preferência por Cuarón e o Writers Guilds (Sindicato dos
Roteiristas) laureou o roteiro original de Ela e o roteiro adaptado de Capitão
Phillips. Destacando aqui que, devido a uma cláusula interna que não
permite a apreciação de obras de roteiristas não sindicalizados, os roteiros de
12
Anos e Gravidade não puderam ser votados.
Os
dados foram lançados e, impreterivelmente, até às 17 horas (horário de Los
Angeles) do dia 25 do corrente mês - ou seja, hoje - todos os votos serão
recolhidos e computados. O resultado final desta corrida onde sobram egos
inflamados e campanhas de marketing milionárias só será divulgado no dia 02 de
março e vem embalado por toda a pompa e circunstância que se espera de uma produção
digna de Hollywood. E apesar de todas as divagações e “certezas” de ocasião,
a surpresa é sempre um componente presente num evento desta proporção.
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