segunda-feira, fevereiro 06, 2006

DISSECANDO UM MÉDICO

O MAL DE SACHS
La Maladie de Sachs. Fra., 1999. De: Michel Deville. Com: Albert Dupontel, Valérie Dréville, Dominique Raymond. OP/DR Visto2003(TV5) 107m
Sinopse/Comentário: Um filme despretensioso e possuidor de uma originalidade absurda. Logo de cara já somos apresentados ao Dr. Bruno Sachs e passamos a acompanhar o seu dia-a-dia como médico de uma pequena vila francesa. Todo o dia a rotina se repete e é filmada meticulosamente: ele acorda cedo, toma banho, prepara o café e vai para o consultório, de onde somente sai quando atende ao último paciente. Ele não tem luxo algum, possuí um carro usado e paga aluguel. Seu único lazer é a leitura e o seu maior prazer é exercer o seu ofício. Um caso raro de um médico solitário, desprovido de luxo e maiores ambições, que leva ao pé da letra o juramento de Hipócrates. Com esse fio de história, a obra poderia se tornar um exercício de paciência e monotonia, mas não é. Tudo por que o diretor dá voz ao pensamento dos pacientes e dos moradores que convivem com Sachs. Cada um analisa e dá o seu ponto de vista sobre o personagem, e nós nos tornamos cúmplices desta aventura subjetiva onde o médico torna-se o alvo de estudo e é dissecado mentalmente pelos pacientes. Os papéis se invertem de forma poucas vezes vista no cinema. No meio da trama, ele se envolve com uma paciente, mas a sua exarcerbada dedicação profissional não diminui. Ao final, como uma espécie de presságio e alerta a todos que abdicam da suas vidas em prol da carreira, o título original do filme é justificado e Sachs passará de médico a paciente. É um final dúbio, pois põe em cheque todo a dedicação do personagem ao longo do filme, mas muito original, como todo o restante da obra. Uma pequena obra prima, que permanece inédita no Brasil e demonstra o fôlego criativo do veterano Deville, um senhor de 74 anos de idade que continua a dirigir ininterruptamente. Ele também escreveu o roteiro e nunca foi devidamente prestigiado na sua terra natal, a França. Tanto que este O Mal de Sachs foi mais visto e premiado na Espanha, onde ganhou os prêmios de melhor roteiro e direção no Festival Internacional de San Sebastián. Também foi eleito o melhor filme no Festival de Chicago e pelo Sindicato dos críticos franceses.

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