domingo, fevereiro 05, 2006

O IDIOTA, O BRUTO E A LOIRA BURRA

L´ÉTÉ EM PETE DOUCE .
Idem. França, 1987. De: Gerard Krawczyk. Com: Jacques Villeret, Jean-Pierre Bacri, Pauline Lafont, Guy Marchand, Jean Bouise, Claude Chabrol. Visto em 04/02 (TV 5). 102 min
Sinopse
Após a morte da mãe, dois irmãos desajustados são constantemente assediados para vender o velho casarão onde vivem por um vizinho, e se envolvem emocionalmente com a jovem e sexy Lilas, que sonha em casar e virar uma dama respeitável.
Comentário
Mo (Villeret) é um homem gordo, com idade mental de criança, cujo amigo inseparável é um cãozinho vira-lata. Após a morte da mãe, passa a conviver e a receber os cuidados do irmão mais velho Fane (Bacri), um homem rude e marcado pela vida, cujo maior sonho é virar um escritor de sucesso. A rotina dos dois é alterada pela chegada de Lilas (Lafont), uma loira artificial que tem como ícone Marylin Monroe. Ela é amante de Fane, mas se afeiçoa por Mo, com quem também transa. Os três são constantemente incomodados pelo vizinho André Voke (Marchand), dono das duas oficinas localizadas entre o velho casarão dos irmãos, que pretende comprar o imóvel a todo custo, além de transar com a exuberante Lilas. Bem fotografado e conduzido com mão firme pelo diretor Krawczyck, o filme exala ternura por todos os lados e traz uma bela composição do trio central. Villeret nunca exagera a demência do seu Mo, Bacri (antes de casar e formar uma sólida parceria com a atriz e diretora Agnès Jaoui), mescla na dose exata brutalidade e compaixão, mas quem rouba as cenas é a jovem Lafont. Nua em várias cenas, o seu personagem começa ingênua, como todas as loiras burras personificadas por Marylin, e aos poucos vai ganhando força e determinação, chegando ao final como peça chave no desfecho do trama. Infelizmente, a vida real foi cruel demais e Lafont morreu prematuramente no ano seguinte, aos 25 anos, vítima de uma queda acidental. Era filha da famosa atriz Bernadete Lafont e tem aqui o seu melhor momento no cinema. O ator Villeret, que lembra muito o ator alemão Peter Lorre (M, o Vampiro de Duseldorff – 1931), faleceu ano passado em decorrência de problemas de saúde gerados pelo alcoolismo. Duas curiosidades mórbidas dentro de uma obra que celebra a vida, e mostra que por mais difícil que seja se enquadrar ao status quo imposto pelos hipócritas, o ser humano sempre encontra uma saída digna. Atenção para a participação do veterano diretor Claude Chabrol como o pároco local.

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