quinta-feira, julho 20, 2006

DIFÍCIL RECOMEÇO

TURBILHÃO
Cavalcade. França, 2005. De: Steve Suissa. Com: Titoff, Berenice Bejo, Laurent Bateau, Axelle Laffont, Marion Cottilard, Ricahard Bohringer, Estelle Lafebure, Vincent Martinez, Buno Todechini, Maria Jurado. L. OP/R. 90 min. Comentário:
Baseado numa história real, o filme do diretor francês Suissa é extremamente bem intencionado ao tentar retratar a tragédia que se abateu sobre a vida do músico Bruno De Stabenhath, mas peca pela direção convencional e pelo roteiro desprovido de um maior aprofundamento. Músico por profissão, playboy por vocação, Bruno sofreu um violento acidente automobilístico e perdeu os movimentos do corpo. Devido a altura da lesão, ficou tetraplégico e iniciou uma batalha inglória para adquirir uma nova vida, com o mínimo de qualidade. Endividado pelos excessos cometidos em noites mal dormidas, farras intermináveis e transas passageiras, ele contará com a solidariedade dos amigos e familiares para recomeçar.
O filme já tem início com Bruno sendo internado e lembrando, em flashbacks, dos dias anteriores ao acidente. Acompanhamos as suas apresentações como DJ, os ensaios e as discussões com os membros de sua banda de rock, somos cúmplices de suas traições, do dia em que foi abandonado pela namorada e do último encontro com a família numa casa a beira amar.
Na segunda metade do longa, acompanhamos o tortuoso tratamento de reabilitação, o convívio com os outros pacientes e uma frustrada tentativa de suicídio. Por fim, ele retorna ao lar e inicia um romance com uma bela jovem chamada Manon, que lhe dá esperanças para recomeçar. Tudo assim. Bem segmentado e burocrático, sem maiores ousadias e nenhuma empatia. A mensagem final de que o amor tudo salva, soa piegas e personagens importantes como os pais de Bruno simplesmente somem da trama, ou fazem uma mera figuração, caso do homem contratado para cuidar do rapaz e que mal aparece.
Em suma, um tema instigante desenvolvido de forma frouxa e superficial. Melhor seria se o diretor centralizasse a trama no período vivido pelo protagonista dentro do Hospital, rodeado por profissionais dedicados e pacientes desequilibrados. Infelizmente, ele opta por desenvolver várias subtramas que nunca chegam ao fim, atrapalhando o cerne da questão que é a reabilitação física e psicológica de um ser humano. No resultado final, salvam-se a boa composição do ator Titoff como Bruno, ele veio da comédia e está perfeito no uso do corpo e nos trejeitos inerentes a um paciente tetraplégico; e a trilha sonora do veterano Michel Legrand, misturando com maestria sintetizadores e instrumentos clássicos. Para finalizar, gostaria de destacar um furo absurdo do roteiro, somente identificável por pessoas do meio médico ou portadores de lesão medular: passados dois meses do acidente, o protagonista se surpreende com um procedimento vital a todo tetraplégico que é o cateterismo vesical. Como o indivíduo perde a sensibilidade do pescoço para baixo e não consegue urinar normalmente, faz-se necessário a introdução periódica de uma sonda no canal peniano para esvaziar a bexiga. Ou seja, desde o primeiro dia de internação o cateterismo é utilizado, tornando-se fundamental à boa recuperação do paciente.
OBS.: A foto acima é do verdadeiro Bruno De Stabenhat

Um comentário:

Anônimo disse...

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