quinta-feira, julho 27, 2006

MAMÃE " BARRA-PESADA"

MINHA MÃE
Ma Mère. Fran./Port./Aust./Esp., 2004. De: Christophe Honoré. Com; Isabelle Huppert, Louis Garrel, Emma De Caunes, Joana Preiss, Jean-Baptiste Montagut, Dominique Reymond, Olivier Raboudin, Philippe Duclos. A/DR. 110 min.
Sinopse:
Baseado no romance póstumo e controverso de Georges Bataille, o filme tem como protagonista o jovem Pierre, um adolescente de 17 anos, que após a morte do pai é introduzido a um mundo hedonista e repleto de depravações pelas mãos de sua atraente mãe.
Comentário:
Trata-se de uma variação moderna e obscena sobre o complexo de Édipo, com a bela e impassível Huppert fazendo às vezes de uma Jocasta ninfomaníaca, alcoólatra e bissexual. Ela interpreta Claire, uma mulher promíscua e casada com um homem mais velho que incentiva as suas aventuras sexuais com outras pessoas. Quando o marido morre num misterioso e nunca explicado acidente, Claire passa a conviver mais intensamente com o filho Pierre, um adolescente cheio de dúvidas e curiosidades sexuais.
A estranha e dúbia relação entre mãe e filho passa a ser o cerne da trama e é desenvolvido de forma confusa, tendo o paradisíaco balneário das Ilhas Canárias como cenário. A principio os dois trocam farpas e aos poucos vão ficando mais íntimos, ao ponto da mãe introduzir o próprio filho nos seus escapistas jogos eróticos. Na verdade, Claire expõe a sua face mais obscena na tentativa de afastar e obter a rejeição do garoto, pois ela sente que Pierre está cada vez mais carente e apaixonado pela sua sensual figura materna. Infelizmente os meios pouco ortodoxos que ela utiliza não funcionam e a narrativa caminha para um sórdido desfecho.
O roteiro é confuso em muitos aspectos e coloca em cena personagens que surgem do nada e ganham uma surpreendente importância, caso da personagem Hansi (vivida pela atriz Ema de Caunes) que entra em cena depois de quase 50 minutos de duração e passa a ser o principal interesse amoroso do jovem Pierre. O personagem de Huppert sai de cena e retorna para um dos finais mais desconcertantes que já assisti: o corpo sem vida de Claire é observado por um atônito Pierre, que começa a se masturbar em pleno necrotério (!). Hard, muito hard, pena que o filme resulte lento e sem sentido em vários momentos.
É o segundo longa de Honoré, mais conhecido como roteirista. Apesar da competente Huppert, com a sua introspecção e os seus expressivos e tristes olhos, o filme é dominado pelo jovem Garrel (filho do diretor Phillipe Garrel) no papel do complexo Pierre, um ator que detém poucos, mas eficientes, recursos dramáticos e que possui uma beleza exótica, explorada na íntegra durante toda a narrativa. Inédito no Brasil.

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